A prática pedagógica da ginástica nas aulas de Educação Física na EJA.
O termo ginástico, moderno, tem objetivo diferenciado das formas de aplicação da atividade física ao longo do tempo. A principal preocupação do homem na Pré-história era manter-se vivo. Os exercícios físicos nesse período assumem a característica utilitária, porém não deixaram de fazer parte dos momentos de festividades, onde os deuses eram reverenciados (DARIDO e RANGEL, 2005).
A
ginástica sempre esteve relacionada com o processo evolutivo do
homem. Em cada período sua prática sempre associada ao exercício
físico tinha um significado ou objetivo diferente de acordo com os
propósitos de cada povo ou nação. Suas características e
manifestações vão desde a educação corporal, eficiências
fisiológicas, terapêuticas, estéticas, moral, preparação
militar, o fortalecimento do corpo e do espírito.
Logo,
Brasil (2002, p. 210) define o conceito de ginástica como:
São
técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter
individualizado com finalidades diversas. Por exemplo, podem ser
feitas como preparação para outras modalidades, como relaxamento,
para manter ou recuperar a saúde ou, ainda, como forma de recreação,
competição e convívio social. Envolvem às vezes a utilização de
materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar
livre e na água. Cabe ressaltar que são conteúdos que têm uma
relação privilegiada com o bloco do “Conhecimentos sobre o
corpo”, pois, nas atividades de ginásticas, este se explicitam com
bastante clareza.
Por
conseguinte, esta temática se torna muito rica em termos de
aprendizagem, levando o indivíduo a conhecer o seu corpo, através
de atividades que exigem movimentos básicos como correr, saltar,
pular, rolar, entre outros, que acompanham o processo evolutivo desde
os primórdios e também entender porque determinados movimentos são
executados com objetivos diferentes.
No
âmbito escolar, a prática da ginástica sempre foi uma questão
conflitante, uma busca nas referências sobre este assunto mostra que
em cada período sua aplicação tinha uma intenção direcionada,
seja para manutenção do status quo, seja para formação do cidadão
saudável e defensor da pátria.
Nos
dias atuais a prática da ginástica se confunde a com a questão da
esportivização dentro das escolas, onde a sua utilização era
somente para aquecimento de alguma atividade esportiva, encontrar um
ressignificado se faz relevante para o professor de Educação Física
nas aulas da EJA.
Brasil (2002, p.210) aponta mudanças nas formas de aplicação:
Atualmente
existem várias técnicas de ginástica que trabalham de modo
diferentes dos tradicionais (exercícios rígidos, mecânicos e
repetitivos), visando a percepção do próprio corpo: ter
consciência da respiração, perceber a tensão e o relaxamento dos
músculos, sentir as articulações da coluna vertebral.
Ao
professor cabe buscar as possibilidades da prática da ginástica e
apresentá-la dentro do cenário escolar. Nos dias atuais a ginástica
é desmembrada com vários objetivos, a de condicionamento:
aquisição, melhora ou aprimoramento das condições física e
estáticas, para atletas e não atletas; a terapêutica: prevenção
e/ou tratamento de doenças congênitas ou adquiridas; a alternativa:
visa à percepção corporal, através de práticas corporais
alternativas; a competitiva: reúne as modalidades competitivas; a
demonstrativa: reúne elementos de todas as ginástica, objetiva
também a interação social e; a laboral: praticada em ambiente de
trabalho (DARIDO e RANGEL, 2005).
Outro
aspecto importante a ser considerado pelo professor é o trabalho com
materiais alternativos, estimulando a criatividade dos alunos, além
de oferecer um recurso diferente para a prática de determinada
atividade, ocasiona um debate na questão do trabalho com material
reciclável, que interfere diretamente na saúde e no meio ambiente
do ser humano.
Numa
dimensão conceitual Darido e Rangel (2005, p.233) dizem que a
ginástica pode ser trabalhada de forma que permite
aos alunos compreenderem a evolução da ginástica, sua história,
origem, conceito e contextos; os alunos aprendem a relacionar os
conhecimentos da ginástica presentes em outras práticas da cultura
corporal.
O
conhecimento da história da ginástica oportuniza um entendimento
mais claro sobre sua prática nos dias atuais, suas diferentes
finalidades no cenário mundial, a atuação da mídia sobre esta
temática, a força das grandes empresas que faturam em cima de
produtos destinados ou relacionados a esta atividade são assuntos
que o professor deve levar para o cenário escolar, buscando entender
e compreender como os alunos tratam sobre esta questão no contexto
atual.
Em
relação à dimensão procedimental Darido e Rangel (2005, p.233)
propõem a ginástica como
forma do aluno vivenciar alguns elementos e aprender a executar os
movimentos da ginástica. Inclui as habilidades e técnicas de
aprendizagem, das mais simples às mais elaboradas, que são
aprendidas conforme a características de cada aluno.
A criação de composição coreográfica simples e complexas, a
preparação e elaboração de festivais de ginástica, elaboração
de programas de atividades físicas são opções de trabalho que o
professor pode apresentar para os seus alunos durante as aulas de
Educação Física na escola.
Já
na dimensão atitudinal Darido e Rangel (2005, p. 233) em relação à
ginástica, esperam que os alunos:
Tendem
a desenvolver atitudes, valores e normas relacionados com as formas
de conduta do aluno ou dos grupos. Possibilita ao aluno respeitar e
valorizar tais manifestações corporais presentes na ginástica e
aprender a assumir determinados comportamentos diante da ginástica:
cooperação, participação, respeito às diferenças, aos limites
dos outros e aos seus próprios, que podem ser manifestados em
qualquer outro conteúdo.
Combater
a questão do sexismo na prática da ginástica é importante, tendo
em vista que alguns movimentos corporais são classificados como
exercício do gênero masculino e outros do gênero feminino, apontar
as possibilidades de cada indivíduo nas diferentes atividades,
respeitando a sua potencialidade de execução, são alternativas de
trabalho para o professor de Educação Física enfatizar a questão
das atitudes nas suas aulas.
Referências Bibliográficas:
Referências Bibliográficas:
BARBOSA,
L.C.A. Educação física escolar e as
representações sociais. Rio de Janeiro: Shape, 2001.
BETTI,
M. Educação Física e sociedade. São
Paulo: Movimento, 1991.
BRASIL.
Ministério da Educação. Lei n.° 9.394/96,
de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
educacional. Brasília: MEC, p.31-57, 1996.
BRASIL.
Ministério da Educação. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/ Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC, p.114, 1998.
BRASIL.
Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara da Educação
Básica. Diretrizes Curriculares
Nacionais para educação de jovens e adultos. Câmara da Educação Básica.
Brasília: MEC, p.68, 2000.
BRASIL.
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Proposta Curricular para educação de jovens
e adultos: segundo segmento do ensino fundamental: 5ª a 8ª série: Educação
Física/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC, p.50, 2002.
BRASIL.
Ministério da Educação. Secretária de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade. Trabalhando com a educação
de jovens e adultos: o processo de aprendizagem dos alunos e professores. Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília: MEC, p.50, 2006.
DARIDO,
S.C. Educação Física na escola: questões
e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
DEMO,
P. Desafios modernos da Educação. Petrópolis:
Vozes, 1999.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LIBÂNEO,
J.C. Democratização da escola pública: a
pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1985.
MILLER,
L.R.S As lutas como ferramenta educacional no Ensino Fundamental. 2006.
38f. Monografia (Graduação do Curso de Educação Física em Licenciatura Plena) –
Faculdade de Ciências Biológicas/ Educação Física, UNIG – Rio de Janeiro, 2006.
MIZUKAMI,
M.G.N. Ensino: as abordagens do
processo. São Paulo: EPU, 1986.
NISKIER,
A. LDB: a nova lei da educação. Rio
de Janeiro: Consultor, 1996.
RANGEL,
I.C; DARIDO, S.C . Educação física na escola:
implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2005.
ZACHARIAS,
V.L.C. Avaliação Formativa. Disponível
em < http:// www.centrorefeducacional.com.br/avaform.htm>
acesso em 23 de janeiro de 2008.
Comentários
Postar um comentário